Igreja de São Vicente de Fora
Igreja de São Vicente de Fora
Esta igreja está no local onde existiu um templo primitivo, do séc. XII, mandado construir por D. Afonso Henriques e dedicado a São Vicente.

D. Afonso Henriques prometeu construir um mosteiro dedicado a São Vicente, que nesse tempo era o padroeiro de Lisboa, se conseguisse conquistar Lisboa aos mouros. Esta promessa foi cumprida em 1147, sendo depois o mosteiro, construído em estilo românico, entregue aos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho.

O mesmo rei fez transladar as relíquias de S. Vicente do Algarve, do Cabo de São Vicente, para este mosteiro, a quem o dedicou.

No seu local foi iniciada em 1590 a construção de uma nova igreja por ordem de Filipe II, ainda sob a mesma invocação, que foi terminada em 1627. A denominação "de Fora" deve-se a se situar nos limites de Alfama, fora das muralhas da cidade. Numa construção em estilo maneirista, nota-se na mesma sinais dos estilos gótico e barroco.

Esta igreja e mosteiro tem diversas designações, como Museu do Patriarcado - Mosteiro de São Vicente de Fora, Igreja e Mosteiro de São Vicente de Fora, Igreja Paroquial de São Vicente de Fora, Igreja de São Vicente, São Tomé e Salvador ou Paço Patriarcal de São Vicente.

Entrada e fachada

O acesso à igreja é feito por uma grande e larga escadaria. A fachada é dividida em três corpos, o central e as duas torres. As torres são limitadas por duas colunas de ordem dórica de cada lado e o corpo central é dividido em três partes também por colunas de ordem dórica. O entablamento que separa o piso térreo do superior mostra a arquitrave assente sobre os capitéis das colunas, com os respetivos frisos e cornijas.

O corpo central da fachada é dividido por colunas, cada uma com um portão de volta inteira com gradeamento de ferro, sobrepujados de três nichos com as estátuas de Santo Agostinho, São Sebastião e São Vicente.

Nas torres laterais há também dois nichos, um em cada coluna, com as estátuas de São Domingos de Gusmão e Santo António.

No segundo entablamento das torres estão as imagens de São Norberto à direita e de São Bruno à esquerda. Na parte central vemos três janelas sobre as três imagens dos santos.

Sobre o segundo entablamento vemos as sineras nas torres e um terraço na parte central a unir as duas torres. As torres são encimadas por cúpulas. Da varanda junto das torres obtém-se uma excelente vista sobre toda a região do rio e de grande parte de Lisboa.

Os diversos nichos e janelas da fachada são encimadas por tímpanos alternadamente triangulares ou em arco abatido.

Estrutura Interior

A igreja tem uma planta retangular longitudinal com nave única e transepto, capela-mor e coro.

Entre as pilastras do seu interior foram criadas pequenas capelas, em 1608, nas quais se deixaram espaços de comunicação entre elas.

A nave é coberta por abóbada de berço de caixotões pintados.

Sobre o transepto, que é limitado por seis pilatras, existiu em tempos o zimbório que ruiu com o terramoto de 1755. Foi substituído por uma clarabóia em madeira com oito janelas retangulares.

Órgão

O órgão, um dos melhores órgãos portugueses do século XVIII, foi construído em 1765 pelo organeiro João Fontanes de Maqueixa e restaurado em 1994 por Claude e Christine Rainolter.

Decoração interior

No seu interior podemos apreciar diversas obras do século XVII como azulejaria barroca e pinturas do século XVII e do século XVIII. Na capela-mor existe um altar barroco que foi encomendado por D. João V e efetuado por João Frederico Ludovice em 1720. O baldaquino em estilo barroco protege as imagens de São Vicente de Fora e São Sebastião, em madeira pintada, de autoria de Manuel Vieira.

Mosteiro

Da nave da igreja acede-se ao mosteiro, de Santo Agostinho. Deste, resta apenas a cisterna, do século XVI, e vestígios do claustro. Existem ainda os painéis de azulejos do século XVIII que representam o ataque de D. Afonso Henriques a Lisboa e Santarém e desenhos a representar as fábulas de La Fontaine.

Pátio das Laranjeiras

No exterior e no lado esquerdo da igreja encontra-se um portal para o mosteiro e para o Pátio das Laranjeiras e daí ao museu. Neste pátio arborizado existe ainda uma fonte.

No claustro poente, a que se acede por um túnel, podemos ver uma cisterna do século XII além de outros sinais medievais.

Sacristia

Ao lado, a entrada para a sacristia é feita por um portal maneirista com as armas reais. As paredes interiores da sacristia são revestidas de mármore e o teto com pinturas do século XVIII. É neste local que também existem sepulturas de cavaleiros de D. Afonso Henriques, do século XII, bem como as sepultura de D. Carlos e Dom Luís Filipe, duas das últimas figuras da realeza de Portugal.

Capela de Santo António

Por cima existe uma capela dedicada a Santo António.

Museu

Sendo todo o conjunto da igreja e do mosteiro um autêntico museu, foi considerada a sua divisão em quatro temas. Neles podemos ver peças de pintura e escultura, além da ourivesaria e dos paramentos, a evolução artística do mosteiro, os monumentos fúnebres, a azulejaria barroca, e das já referidas Fábulas de La Fontaine.

Painéis de S. Vicente

Em 1882 foi descoberto no Mosteiro um conjunto de painéis que tem, entre outras denominações, a de "Painéis de S. Vicente". Este famoso conjunto de painéis está atualmente no Museu Nacional da Arte Antiga, em Lisboa.

Mostra um conjunto de 60 pessoas em tamanho quase natural nos 6 painéis denominados dos Frades, dos Pescadores, do Infante, do Arcebispo, dos Cavaleiros e da Relíquia.

Embora envolto em algum mistério, polémica e controvérsia, dá-se como autor dos quadros Nuno Gonçalves, pintor português do século XV, pintor régio de D. Afonso V.

Neste conjunto de quadros, 58 personagens rodeiam a figura dupla de S. Vicente, representando figuras da Corte e de outros estratos sociais desse tempo. Esta interpretação dos quadros, tal como da sua autoria, continua envolta em mistério e dúvidas.

Classificação

A igreja foi classificado como Monumento Nacional em 1910 e o Mosteiro de S. Vicente foi classificado como Imóvel de Interesse Público.

Localização

Este ponto está situado na localidade São Vicente, na freguesia São Vicente.

Coordenadas GPS: N 38 42.887' W 009 07.696'  (38.71478, -9.12827)
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